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r e s p i r a

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Já era noite quando ela deslizava seus pés cansados no chão batido e se perdia por entre as árvores.

Não sentia medo, pois via seu caminho ser iluminado pela luz das estrelas. O sereno doce do céu repousava sob seus ombros e, de dentro do seu coração, vinha a certeza de que era preciso continuar.

Ouvia com atenção o cantar dos animais da noite que vinham lhe fazer gentil companhia pela estrada.

Foram tantas inúmeras vezes que precisou se refazer, e se re-inventar, mas ela estava em paz. Agora ela sabia onde encontrar o que tanto buscava.

Caminhou, caminhou e chegou a beira de um lago, parou para apreciar o reflexo da lua que cintilava e dançava sob as águas refletindo o céu.

Viu a si mesma como num espelho.

Sentiu sua íris dilatar com quem abre a porta de casa com amorosidade para a visita esperada chegar. Do olho caiu uma lágrima que deu passagem para entrar pra dentro de si, como uma viagem no tempo, como um mergulho ao avesso, ela se viu universo.

De repente não existiam mais barreiras entre seu corpo e as luzes do céu, as folhas no chão, a lua e o sol, os animais e as estrelas, a montanha e as suas emoções. A esperança. A abundância.
O ontem, o amanhã e o futuro.

Tudo era ela.

Se viu completa.
Se viu bússola dos próprios caminhos.
Das próprias escolhas.

Se viu horizonte.

Se viu, então, amanhecer em si.

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Com amor,
Seu Tempo